Uma flor comestível, mais usada como ornamental do que para enfeitar saladas, está agitando o meio científico: é a Capuchinha, também conhecida como Nastúrcio. Nomeada cientificamente como Tropaeolum majus, a capuchinha acaba de revelar mais uma qualidade - a flor é rica em um carotenóide, a luteína, que está relacionada com a prevenção de doenças como a catarata e a degeneração macular, principal causa de cegueira entre pessoas com mais de 55 anos. A constatação está na dissertação de mestrado de Patrícia Yuasa Niizu, defendida junto à Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp.
Carotenóides são pigmentos amplamente distribuídos na natureza, responsáveis pelas cores laranja, amarela e vermelha das frutas, verduras, flores, alguns peixes e pássaros, bactérias, algas, fungos e leveduras. Embora não haja uma recomendação "formal" quanto à quantidade a ser consumida, alguns estudos apontam que a ingestão "prudente" dessas substâncias auxilia no fortalecimento do sistema imunológico e na redução de doenças degenerativas, como as do coração, da visão e certos tipos de câncer. De acordo com Patrícia, existem pesquisas que apontam que cinco porções de frutas e verduras ao dia seriam adequadas para proporcionar ganhos à saúde.
Pensando nisso, a autora da dissertação resolveu investigar um pouco mais sobre os carotenóides em flores, folhas e frutas. Em seu trabalho, Patrícia comprovou a Capuchinha é muito rica em luteína, um dado ignorado até então. O aspecto curioso dessa descoberta é que a flor, embora seja comestível, tem um uso mais decorativo do que nutritivo. "Por ser bonita e apresentar cores como o amarelo, o laranja e o vermelho, ela é mais utilizada para enfeitar saladas. Entretanto, se for consumida em níveis prudentes, a Capuchinha pode contribuir para prevenir doenças graves da visão, como a degeneração macular e a catarata", explica a autora da dissertação.
O único fator que depõe atualmente contra a Capuchinha é que, a exemplo de outras flores comestíveis, ela é cara, pois está associada a pratos refinados. Disponível nas gôndolas de supermercados, seu preço não está a alcance de muitas famílias brasileiras. "Mas esse problema pode ser contornado. Essa flor é de fácil cultivo. Pode ser plantada no quintal, como parte da horta doméstica. Além disso, tem um sabor bom, parecido com o do agrião. Em uma viagem recente a Portugal, minha orientadora constatou que a Capuchinha é tão abundante que divide espaço com o mato", conta Patrícia.
A Capuchinha, conforme a pesquisadora, poderia substituir uma outra flor, de nome Marigold. Embora não seja comestível, esta última é utilizada na composição da ração do frango. A luteína presente na Marigold reforça a coloração amarela tanto da pele da ave quanto da gema do ovo.
Num outro capítulo de sua dissertação, Patrícia investigou os carotenóides presentes nos alimentos mais consumidos pelos brasileiros, em saladas cruas. Foram analisados: alface lisa, alface crespa, agrião, almeirão, rúcula, cenoura, tomate e pimentão, sendo que este último não demonstrou ser tão rico nessas substâncias. As demais, porém, apresentam quantidades significativas dos compostos naturais, fato que recomenda a sua inclusão na dieta alimentar cotidiana dos brasileiros.
Para saber mais: www.unicamp.br
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